Eu que cansei de falsos sorrisos dos amores incoerentes
sorriso mágico em esfumato renascentista
olhar cruel feito carrasco medieval
eu enforcado em suas coxas
eu em sua guilhotina lingua Lâmina
Blog do artista Ed Franca
O nunca feito sobre o dito
Não foram as horas faladas
Muito menos as coisas não ditas
O que não preencheu esse espaço, então?
Somente nó na garganta estanca o nunca feito sobre o dito.
Quando as palavras não cabem em mais nada nascem lágrimas.
E lágrimas também são silêncios materializados.
Rios de solidão represados no nada.
Desaguam no vazio como oferendas para o mar de insensatez.
Quando as palavras não cabem em mais nada
Segredos são encerrados no silêncio.
E falar o que depois do impensado?
Amores aprisionados na imaturidade
Desejos sequestrados em nome do nosso egoísmo.
Jusificados desvairadamente em noites furtivas
Amor se calou como um refém maltratado, sem forças, sem resgate algum a receber.
Em silêncio definhou por não saber que Ter não é Bem querer.
Assim se explica a fuga dos segredos no sussurro.
Por essa fresta, silêncio virou alívio.
Calados em fuga.
O som mais suave é o silêncio.
Nos perdemos por acreditarmos mais
no ruído de nossas ilusões que no silêncio das verdades.
Ed França
. no texto: poesia de Ed França, julho de 2009.
. no som: a beautiful lie_30 Seconds to Mars.Plana, goza e se refaz na luxúria de pequenas constelações.
Derrete na cauda de cometas pela imensidão do espaço
lambendo seus rabos ate que evanescessem de prazer em atmosferas infantis
Cavalga nos quadris das deusas estelares por entre vórtices e sedutoras tempestades solares
Apaixonado pelo sexo dos Quasares adolescentes
queima em orgasmos multidimensionais.
Gritos de prazer em vórtices imorais
Uivos de amor suprimidos pelo vácuo
Uma galáxia inteira inundada só de gemidos delicados.
Era a Luz amando o cosmo incestuosamente.
Eons após amar cada corpo celeste de incontáveis Galáxias
caiu no abismo como um astro traído.
Sugado sem forças por um buraco negro sem explicação
feito armadilha em seios de uma adolescente perversa.
Sangrando delírios em ventos estelares
Padecendo em morte rasgando atmosferas
Flamejando lamentações preso à gravidade do que não pode ser
em derradeira descida como se manchasse os lençóis de um sagrado amor.
Astro rei que me ilumina
que faz brilhar a vida em gozo
porque ignora seu filho mais zeloso?
Eu que sou candelabro de tua voz em caverna escura habitada por surdos, porque não respondes?
Solicita pela última o primeiro arcanjo, o mais belo, o mais amado, o mais devotado.
O silêncio é faca que golpeia asas, que emudece a alma, que apaga a luz...Que congela a dor e se materializa num bloco de gelo chamado Desprezo.
Agradeçe a dimensão do tempo miserável e limitado
Ironizando em sacrilégios orações e lamentos...E desfalece.
Cai encolhido como um meteorito implacável
em direção ao oceano das verdades do agora
Vertendo labaredas de lágrimas divinas em copioso lamento.
amargando em desolação como uma maldição ejaculada dos céus.
Sem receio de me espatifar no detestável tempo espaço
aceito esse abismo de mentiras na espessa geografia da matéria!
Balbuciou com olhos cerrados o arcanjo mais amado.
Denso como um bloco de pedra lunar
Silenciou no fundo do mar
Sem pensar nas lágrimas de fogo
que precederam sua queda.
Prisão dimensional
Feito casamento arranjado
Melancolia imemorial
Feito gravidade terrestre
Já nem emana mais a consciência espacial
nem a luz sagrada em profundidade que outrora fora a chama do meu amor.
Habita em mim o esquecimento temporário
que a infinitude me condenou!
Reflete apoiando a fronte o arcanjo mais amado.
Em órbita dessa condenação
num ciclo repetitivo e temporal
que encerra o caos dentro do que já foi ordem.
Aquieta e aceita a queda
mastigando sua imensurável solidão interior
sofre assim absorto em dor
o arcanjo portador da luz.. o filho mais amado.
Nessa carcaça de planeta morto
a leveza da minha sabedoria
que descansava na inocência de galáxias distantes
agora são reminiscências de prazeres perdidos!
São tão tímidas essas lembranças
que evaporam-se sem deixar vestígios!
Escreveu em sua pele o arcanjo mais amado.
Remoendo a saudade da Estrela Maior e Princípio do Todo
que um dia o amou infinitamente e hoje não ouve mais
nem o eco das suas lamentações
muito menos seus questionamentos.
Conta luas e estrelas
observando seres, naturezas e criações imperfeitas
Finda os tempos impiedosos
abraçando feito falsa esposa o arcanjo que outrora fora o mais amado.
Aquecido apenas da presença de seus irmãos
planetas rebeldes num universo seco
como os lábios de quem já não ama há tempos.
Triste como um velho sol que se cala sem calor ou luz
obrigado a ouvir o voz fria da escuridão
lamenta angustiado o mais belo no útero da terra.
Numa balada para o anjo Luz
Derrama em lágrimas então os céus
numa chuva de meteoritos de sangue
Só se ouve um choro baixo das ondas e o tremor das terras inférteis
que oferecem adágios doloridos e singelas melodias
sob o brilho das estrelas impassíveis e covardes.
Como se fosse possível compreender a dor dos amantes separados...
Como a língua da vaidade em fel se subordinando à estéril companhia de quem não se ama.
Como se o fim negasse o princípio.
Como se o pai não amasse o filho.
Como se a lua não cedesse aos encantos do sol.
Com se a ordem suportasse o Caos.
Como se fosse possível impedir a beleza do mais belo.
Ou apagar a luz de quem carrega a tocha desde o princípio com uma história maldosa.
Como obliterar o Amor de quem copulava com o Infinito desde quando nada havia sido criado.
Ed França (janeiro, 2009)
. no texto: poesia de Ed França, Janeiro de 2009. da série Anjos Poemas.
. na imagem : trabalho de Ed França, técnica mista sobre papel e colagem. 2001.
. no som: saints are down_The Cult.